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Biópsia Líquida: Uma alternativa promissora no diagnóstico do câncer pulmonar

A promessa de diagnósticos precisos sem a necessidade de procedimentos invasivos, como a biópsia tecidual, parece estar cada vez mais próxima da realidade.

Estamos falando da biópsia líquida, tecnologia que têm se mostrado uma ferramenta cada vez mais promissora para o diagnóstico oncológico. Com esse tipo de tecnologia, é possível avaliar biomarcadores moleculares por meio de uma simples coleta de sangue, o que permite descobrir uma série de informações sobre um determinado tipo de tumor.

E os avanços não param por aí. Em um recente artigo publicado na revista Journal of Experimental & Clinical Cancer Research, cientistas demonstraram que a biópsia líquida pode ser mais eficaz para predizer se o tratamento para o câncer de pulmão está sendo efetivo ou não.


O papel do biomarcador PDL1

Neste pioneiro estudo, os pesquisadores avaliaram a capacidade de a biópsia líquida de detectar o biomarcador PDL1 em sua forma circulante.

A PDL1 é uma proteína que está presente naturalmente em todas as nossas células. Essa proteína é muito importante para evitar que o nosso sistema imune ataque as células do próprio corpo. As células do sistema imunológico conseguem reconhecer a proteína PDL1, que funciona como um “interruptor” que “desliga” a célula de defesa. Esse mecanismo é particularmente importante para evitar respostas autoimunes, por exemplo, sinalizando para o sistema imunológico que a célula em questão não representa uma ameaça.

O grande problema é que algumas células cancerígenas possuem grandes quantidades de PDL1 (como no câncer de pulmão), permitindo que estas escapem do ataque imunológico. Por isso, esta proteína tornou-se um excelente alvo terapêutico para o câncer de pulmão, especialmente o câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC), sendo desenvolvidos fármacos baseados em anticorpos monoclonais para bloquear sua ação.

A partir disso, avanços significativos foram feitos na busca de um biomarcador que pudesse prever a resposta do paciente frente ao tratamento. Nesse sentido, a detecção da proteína PDL1 por imuno-histoquímica (IHC) em tecidos obtidos a partir de biópsia tumoral têm sido o padrão mais utilizado para estes fins.

No entanto, muitos pacientes com alta expressão de PDL1 não obtiveram bons resultados com as terapias, já outros com baixa expressão da proteína, se beneficiaram do tratamento, demonstrando uma alta variabilidade na expressão da PDL1. Além disso, os pacientes com NSCLC podem apresentar alterações na expressão de PDL1 após os tratamentos de primeira linha, o que dificulta uma mensuração precisa da presença e quantidade do biomarcador.

Devido a essas flutuações, uma única amostra tecidual pode ser ineficaz para monitorar o status de PDL1 durante o tratamento.


A biópsia líquida é capaz de monitorar o status de PDL1

A expressão da PDL1 também pode ser encontrada em vesículas extracelulares. Essas vesículas são partículas liberadas pelo tumor e estão envolvidas na inibição da resposta imune antitumoral e metástase, podendo ser encontradas em fluidos corporais como o sangue. Desse modo, a identificação do biomarcador em amostras sanguíneas poderia ser uma boa alternativa para diagnóstico, prognóstico e acompanhamento de pacientes em tratamento para o câncer de pulmão.

No estudo em questão, os pesquisadores coletaram amostras de sangue de dois grupos de 33 e 24 pacientes com câncer de pulmão NSCLC que receberam tratamentos com inibidores de PDL1 previamente e na nona semana de tratamento. Foi também incluído como controle, um grupo de 15 pacientes que receberam quimioterapia.

Posteriormente, as vesículas extracelulares foram isoladas das amostras de sangue e a expressão da proteína de PDL1 foi medida em cada grupo em ambos os pontos de tempo. Os pesquisadores também analisaram exames de imagem dos tumores dos pacientes antes do tratamento e os avaliaram com uma tecnologia de imagem inovadora, para criar um modelo completo para previsão da resposta à imunoterapia.

Os principais resultados indicaram que a análise por biópsia líquida da PDL1 consegue detectar aumento deste biomarcador em pacientes que não responderam satisfatoriamente ao tratamento quando comparados aos que responderam. Ou seja, este estudo mostrou que testar o sangue do paciente foi eficiente para fornecer previsões mais precisas de resposta e sobrevivência ao câncer de pulmão em comparação com o método tradicional, por meio da biópsia tecidual.

A partir de agora, os cientistas pretendem validar os achados em grupos de pacientes maiores. Se os resultados forem replicados, é bem provável que este tipo de análise possa substituir a análise padrão de PDL1 em tecido, pois além de ser não invasiva, pode ser realizada repetidas vezes durante o tratamento.

O Grupo iNova Patologia é especializado em diagnósticos oncológicos por meio de tecnologias modernas e inovadoras, como a Hibridização In Situ Fluorescente (FISH), PCR em tempo real, Sequenciamento de Nova Geração, além de possuirmos uma vasto acervo de anticorpos para variados biomarcadores.


Nós, do Grupo iNova Patologia, assumimos o compromisso de trazer informações relevantes e de qualidade sobre o que há de mais moderno e atual na área de oncologia.


Referência:

  1. Ignatiadis M, Sledge GW, Jeffrey SS. (2021). Liquid biopsy enters the clinic - implementation issues and future challenges. Nat Rev Clin Oncol.
  2. de Miguel-Perez, D., Russo, A., Arrieta, O. et al. (2022). Extracellular vesicle PD-L1 dynamics predict durable response to immune-checkpoint inhibitors and survival in patients with non-small cell lung cancer. J Exp Clin Cancer Res.

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